“São diversos tipos de marcas psíquicas que esse tipo de violência pode causar nas mulheres
Além da violência física e das mazelas deixadas por ela, este tipo de prática deixa sequelas psicológicas na vítima.
"O que a gente mais observa é a ansiedade, o medo de voltar a convivência, o medo de voltar a trabalhar, medo de sair de casa sozinha. Uma certa tensão, receio de sair e se encontrar com o agressor, o medo se instaura de uma forma semelhante ao estresse pós-traumático. Podemos colocar: ataque de pânico, ansiedade, depressão - muitas mulheres se encontram num quadro depressivo muito complicado, sobrecarregadas -, muitas não conseguem mais se relacionar novamente. Então, são diversos tipos de marcas psíquicas que esse tipo de violência pode causar nas mulheres, principalmente nos casos em que esse tipo de comportamento se perpetua por anos", explica a psicóloga Priscilla Faheina.
Ainda no tocante da perpetuação desse comportamento, a psicóloga explica que há um “ciclo de violência” em que há um primeiro momento de tensão, em que o parceiro ameaça e a vítima sente medo. “Após isso há a agressão propriamente dita, e a ‘agressão’ pode ser violência física, verbal, psicológica, patrimonial e sexual. Depois vem a ‘fase da lua de mel’ em que, posteriormente a violência, o parceiro trata a mulher de uma forma diferente: trata muito bem, elogia, pede desculpas. Então, muitas dessas mulheres, se encontram presas nesse ciclo que tende a perpetuar a violência, se você não tomar consciência e em decorrência de uma série de outros fatores, acaba por não sair dele”.
“Muitas das vezes a mulher tende a acreditar que aquilo não vai se repetir, por uma série de fatores como achar que ele não vai fazer de novo, achar que ele vai mudar, achar que ela tem que aguentar por mais um tempo, ‘ele é o pai dos meus filhos’.”.
A psicóloga explica que não há como achar um motivo específico: cada caso tem a sua particularidade. Assim como é impossível apontar um fator que faça com que a mulher saia desse ciclo de violência. “A denúncia ainda é um tabu, isso é uma questão antiga que decorre das complicações e peculiaridade em denunciar. Infelizmente ainda não temos o suporte necessário para muitas das vítimas: a medida protetiva às vezes demora, às vezes não chega para todas as mulheres… isso faz com que muitas delas tenham uma descrença para com a justiça. A gente tem como amparar essas mulheres, pelo menos em termos legais, entretanto, na prática isso não se concretiza.


