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Ele me bateu 2 vezes, da primeira vez não denunciei porque eu tinha na minha cabeça que não ia adiantar de nada

O depoimento de uma jovem que sofreu com violência doméstica retrata o pensamento de outras mulheres. A vítima que preferiu não se identificar, relatou que a falha da Justiça com seu caso: “ele foi preso após 15 dias da denúncia, mas no outro dia, uma juíza soltou ele em uma audiência de custódia, mesmo ele confessando tudo, tive acesso ao depoimento”

 

Há quatro anos, em 2016, uma adolescente de 16 anos, que estudava e costumava sair com os amigos, iniciou um relacionamento. O homem tinha 3 filhos e com apenas uma semana de namoro, ela precisou cuidar da criança mais nova. 

                                                      "Um dia a mãe de dois dos meninos não deixou ele pegar, aí ele                                                         foi buscar o mais novo, eu só estava com ele há 1 semana, e a                                                          mãe dessa criança pediu para que eu cuidasse da criança, ela                                                        nunca mais foi buscar o menino. Passei 3 meses com ele e                                                                  terminamos, o menino ficou comigo”, relata.

 

Por não possuir a guarda do menino, que ela criava, a vítima relata que continuava se submetendo a essa situação. “Acabei voltando depois de alguns meses por que ele pediu o menino de volta, e eu já estava muito apegada a criança. Por conta do filho dele que eu criava, eu não tinha a guarda dele”.

 

Após a agressão ter se agravado, a jovem conta que decidiu denunciá-lo.

“A segunda vez que ele me bateu, denuncie porque queria que ele pagasse e porque foi muito sério, eu tive fratura do zigomático (osso da bochecha no rosto), tive afundamento de face, meu nariz entortou, tive duas convulsões na noite em que aconteceu e tive uma pequena hemorragia na cabeça”, a vítima precisou passar por cirurgias plásticas após a violência.

 

 

 

Entretanto, a vítima não se sentiu acolhida pela lei e faz críticas ao seu não funcionamento. “Tudo precisa melhorar, eu pensei que Maria da Penha era uma das poucas leis que ainda serviam.”

“Para começar: não perderam ele em flagrante porque só fui na delegacia 12 horas depois, era noite de sábado e a delegacia regional ficava em outra cidade. Não tive nenhum apoio, já fazem 4 anos, só tive uma audiência até hoje”, conta.

A família do agressor ainda tentou suborná-la para retirar a queixa, mas a jovem recusou a oferta. “A família dele me ofereceu dinheiro, e eu devia ter aceitado, acabou que gastei muito dinheiro na minha cirurgia e nada aconteceu com ele”.

 

A impunidade é uma das dificuldades para o combate à violência doméstica, o agressor costuma sair impune, como aconteceu nesse caso.

 

“Ele foi embora para outro estado e a criança mora comigo, quando ele foi embora, devolveu o filho  para a mãe biológica, mas ela novamente pediu que eu cuidasse do menino", esclareceu a jovem.

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